SALA 07
AUGUSTO BOAL
DE CORO VIESTE
AO CORO RETORNARÁS
PÍLULA EDUCATIVA
Entrevista com Amir Haddad - "Do coro vieste, ao coro retornarás" (2021)
Cena Feira
Esse texto foi escrito pelas vinte mãos dos integrantes do nosso Coro. É dedicado a Augusto Boal, diretor de teatro, dramaturgo e idealizador do Teatro do Oprimido. Toda sua obra contribuiu para a criação de um teatro genuinamente brasileiro e latinoamericano. Viva Boal!!!
Não sou UNIVERSO, sou MULTIVERSO; em MIM, muitos “De EUS”, se manifesta.
Sou definido por vozes que querem e se fazem ouvir.
Sou por definição e excelência UM personagem COLETIVO.
SOU O CORPO
Nasci uma personagem coletiva com a missão de cantar partes significativas do drama ou em representações religiosas. Minha origem remonta à Grécia antiga. Inicialmente designava um grupo de dançarinos e cantores usando máscaras.
Com o tempo, ampliei minha participação; não ficando, também, circunscrito às festas religiosas. Hoje, adquiri outras funções. No teatro, antecipo cenas ou passagens. Também, como um jogo, junto aos atores e atrizes, complemento dizeres de cenas seguintes.
Integrado à Ópera, outra inserção que assumi, retomo a função de personagem coletiva comentando a ação ou até fazendo parte dela, como antigamente, porém, na Ópera, sou uma espécie de… papel principal.
Todavia, me recuso a estar somente em espetáculos e eventos de gala. Minha origem, poucos sabem, é popular. Assim, sempre que posso, corro para esses encontros. É minha casa. Minha gente.
Renan Ferreira e Augusto Boal
De Renan Ferreira para Augusto Boal
teatro fora do mundo
mundo sem teatro nenhum
assim como já ví de outras tantas
dessa vez sou eu quem te planto
finco seus pés, sua cabeça e coração
no cimento fresco da construção
seu sangue escorrendo até o esgoto
seus ossos suporte das paredes
sua pele cobertor dos mendigos
e sua palavra a música dos ouvidos
teatro fora do mundo
mundo sem teatro nenhum
quatrocentos e trinta mil mortos
quem é “classe trabalhadora” não parou de trabalhar
sem certo nem errado pra isto
mas penso em você quando dizia que pra fazer teatro popular
“é preciso correr o mesmo risco”
te planto por todes nós
artistas fora do mundo