SALA 01
GIANFRANCESCO GUARNIERI
UM GRITO PARADO NO AR DE 1973
PÍLULA EDUCATIVA
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CANÇÃO "UM GRITO PARADO NO AR"
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CENA INICIAL
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Ainda é o teatro que nos salva da barbárie
por Renan Ferreira
O que pode um artista em tempos tão duros? De que serve a arte? A poesia? O teatro? “Fazer teatro é como sofrer no paraíso…” é o que dizia Othon Bastos interpretando Augusto em 1973 com o texto Um Grito Parado no Ar, do grande Gianfrancesco Guarnieri. E é o que se ouve no áudio acima conosco do Teatro do Osso. Se a fala de Augusto terminasse aí, talvez, muitos de nós não teríamos escolhido a arte como estrada. Mas não, Guarnieri não deixa que a primeira fala do seu texto se encerre assim. “…mas se não fazê-lo, como sabê-lo? Ora porra!”. A escolha dessa dramaturgia como trilho para essa exposição e, futuramente, para nosso novo espetáculo diz respeito à nossa vontade de estar junto desses que decidiram “fazer” teatro pra “sabê-lo”. Por acreditar que, por mais que soframos no paraíso, ainda é o teatro que nos salva da barbárie.
Um Grito Parado no Ar estreou em 1973, cinco anos após a publicação do AI-5 e um ano após o fim do Teatro de Arena. Na montagem Othon Bastos, Martha Overbeck, Assunta Perez, Ênio Carvalho, Sônia Loureiro e Oswaldo Campozana davam vida à Augusto, Amanda, Flora, Fernando, Nara e Euzébio, seis atores tentando montar um espetáculo que está há 10 dias da estreia enquanto o cenário, figurinos e iluminação são levados por falta de pagamento. O ensaio dos personagens são entrecortados por entrevistas reais que eram feitas pelo elenco, trazendo a “voz da cidade” para a montagem. As entrevistas que vocês ouvirão durante toda exposição são inspiradas nessa ideia de Guarnieri. A dramaturgia foi montada pela Othon Bastos Produções Artísticas e rodou o Brasil nos anos 70.
Essa sala, que inaugura a exposição DO CANTO AO GRITO, homenageia o grande ator e dramaturgo Gianfrancesco Guarnieri por sua grande contribuição ao teatro brasileiro.
A sala traz, entre outras coisas, áudios e vídeos dos encontros do Teatro do Osso com Othon Bastos e Sônia Loureiro, dois grandes artistas que agora temos o prazer e honra de termos próximos. Se debruçar sobre um texto que fala especificamente do “teatro” nos faz confrontar, a todo momento, com a pergunta de “porque somos artistas?”. E olhar pro passado e se perceber como parte de uma espiral do tempo com tantos artistas faz com que essa pergunta seja feita em coro. A partir da dramaturgia de Um Grito Parado no Ar, de Gianfrancesco Guarnieri, o Teatro do Osso quer chamar o autor e os atores e atrizes da companhia para uma conversa. Queremos olhar através de seus olhos e queremos que eles olhem através dos nossos.
Abaixo um trecho do Fernando Peixoto, diretor da montagem em 1973, em NOTAS SOBRE UM GRITO PARADO NO AR
Um Grito Parado no Ar estreou em 1973, cinco anos após a publicação do AI-5 e um ano após o fim do Teatro de Arena. Na montagem Othon Bastos, Martha Overbeck, Assunta Perez, Ênio Carvalho, Sônia Loureiro e Oswaldo Campozana davam vida à Augusto, Amanda, Flora, Fernando, Nara e Euzébio, seis atores tentando montar um espetáculo que está há 10 dias da estreia enquanto o cenário, figurinos e iluminação são levados por falta de pagamento. O ensaio dos personagens são entrecortados por entrevistas reais que eram feitas pelo elenco, trazendo a “voz da cidade” para a montagem. As entrevistas que vocês ouvirão durante toda exposição são inspiradas nessa ideia de Guarnieri. A dramaturgia foi montada pela Othon Bastos Produções Artísticas e rodou o Brasil nos anos 70.
Essa sala, que inaugura a exposição DO CANTO AO GRITO, homenageia o grande ator e dramaturgo Gianfrancesco Guarnieri por sua grande contribuição ao teatro brasileiro.
A sala traz, entre outras coisas, áudios e vídeos dos encontros do Teatro do Osso com Othon Bastos e Sônia Loureiro, dois grandes artistas que agora temos o prazer e honra de termos próximos. Se debruçar sobre um texto que fala especificamente do “teatro” nos faz confrontar, a todo momento, com a pergunta de “porque somos artistas?”. E olhar pro passado e se perceber como parte de uma espiral do tempo com tantos artistas faz com que essa pergunta seja feita em coro. A partir da dramaturgia de Um Grito Parado no Ar, de Gianfrancesco Guarnieri, o Teatro do Osso quer chamar o autor e os atores e atrizes da companhia para uma conversa. Queremos olhar através de seus olhos e queremos que eles olhem através dos nossos.
Abaixo um trecho do Fernando Peixoto, diretor da montagem em 1973, em NOTAS SOBRE UM GRITO PARADO NO AR
“Seu texto é uma tomada de posição, uma declaração de princípios, a utilização consciente da linguagem teatral para uma reflexão crítica impiedosa sobre o próprio teatro. Num momento de mistificação, de fugas, de misticismo e irresponsabilidade, de culto do vazio e da forma, Guarnieri (…) defende a vigência de uma arte racional, concreta como a verdade, livre e voltada para o potencial transformador dos espectadores.
O ator se revolta com violência e lucidez: denuncia uma crise que esmaga o teatro brasileiro de hoje: os atores estão se trancando num mundo abstrato, ridículo, individualista, vazio, fechado “Seu texto é uma tomada de posição, uma declaração de princípios, a utilização consciente da linguagem teatral para uma reflexão crítica impiedosa sobre o próprio teatro. Num momento de mistificação, de fugas, de misticismo e irresponsabilidade, de culto do vazio e da forma, Guarnieri (…) defende a vigência de uma arte racional, concreta como a verdade, livre e voltada para o potencial transformador dos espectadores.
O ator se revolta com violência e lucidez: denuncia uma crise que esmaga o teatro brasileiro de hoje: os atores estão se trancando num mundo abstrato, ridículo, individualista, vazio, fechado. (…) Os atores de Um grito parado no ar, como muitos atores e diretores do nosso movimento teatral, buscam em si mesmos a apreensão de uma realidade que está fora deles. Não é através de laboratórios herméticos e de exercícios corporais e espirituais abstratos que o ator conseguirá trazer para o palco a vida de um operário.
Castro Alves pede passagem marcou a volta de Guarnieri como dramaturgo, mas, para mim, marca sua última ligação com uma forma de discurso político que talvez tenha atingido seu ponto culminante com Arena conta Zumbi, escrito juntamente com Edu Lobo e Augusto Boal. Agora Guarnieri inicia uma fase nova em seu teatro. Botequim e Um grito parado no ar evidenciam uma postura nova, agressiva, sofrida, angustiada, mas igualmente sincera e contagiante. Os dois textos mostram a realidade do Brasil de hoje desnudada, isenta de mistificação e mentira, teatralizada com inteligência e sensibilidade. É o mesmo Guarnieri de antes, fiel a seus primeiros compromissos, mas transformado, dilacerado, pela experiência histórica de seu povo. Botequim e Um grito parado no ar são quase uma mesma peça, divididas em dois momentos, em dois temas, em duas situações. São duas confissões, dois vômitos.”
O ator se revolta com violência e lucidez: denuncia uma crise que esmaga o teatro brasileiro de hoje: os atores estão se trancando num mundo abstrato, ridículo, individualista, vazio, fechado “Seu texto é uma tomada de posição, uma declaração de princípios, a utilização consciente da linguagem teatral para uma reflexão crítica impiedosa sobre o próprio teatro. Num momento de mistificação, de fugas, de misticismo e irresponsabilidade, de culto do vazio e da forma, Guarnieri (…) defende a vigência de uma arte racional, concreta como a verdade, livre e voltada para o potencial transformador dos espectadores.
O ator se revolta com violência e lucidez: denuncia uma crise que esmaga o teatro brasileiro de hoje: os atores estão se trancando num mundo abstrato, ridículo, individualista, vazio, fechado. (…) Os atores de Um grito parado no ar, como muitos atores e diretores do nosso movimento teatral, buscam em si mesmos a apreensão de uma realidade que está fora deles. Não é através de laboratórios herméticos e de exercícios corporais e espirituais abstratos que o ator conseguirá trazer para o palco a vida de um operário.
Castro Alves pede passagem marcou a volta de Guarnieri como dramaturgo, mas, para mim, marca sua última ligação com uma forma de discurso político que talvez tenha atingido seu ponto culminante com Arena conta Zumbi, escrito juntamente com Edu Lobo e Augusto Boal. Agora Guarnieri inicia uma fase nova em seu teatro. Botequim e Um grito parado no ar evidenciam uma postura nova, agressiva, sofrida, angustiada, mas igualmente sincera e contagiante. Os dois textos mostram a realidade do Brasil de hoje desnudada, isenta de mistificação e mentira, teatralizada com inteligência e sensibilidade. É o mesmo Guarnieri de antes, fiel a seus primeiros compromissos, mas transformado, dilacerado, pela experiência histórica de seu povo. Botequim e Um grito parado no ar são quase uma mesma peça, divididas em dois momentos, em dois temas, em duas situações. São duas confissões, dois vômitos.”
Rogério Tarifa e Guarnieri I Maquete cenográfica por Lívia Loureiro/ Fotos Alécio Cézar
“O termo que eu encontrei para o teatro que eu estou fazendo, é realmente de ocasião, um teatro que eu não faria se não fosse as contingências. Eu acho que parar a gente não deve, quer dizer decretar a própria morte eu acho que é exatamente o que existe de mais reacionário em todo mundo e o que tão querendo. Que o homem desista de si, que passe a robô o mais depressa possível, isso a gente não pode admitir. Mesmo falando em metáfora, mesmo deixando o grito paradinho no ar, eu acho que a gente tem ir até onde não nos matem, mas essa é uma realidade. E como a ela eu só tenho pra responder o meu grito, o meu choro, meu amor, a minha vontade, eu vou dizendo a minha vontadizinha, o meu chorinho, o meu amorzinho. Temos de jogar, de ir pra frente de qualquer maneira.”
Gianfrancesco Guarnieri
ENTREVISTA COM SÔNIA LOUREIRO
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CANÇÃO DA ENTREVISTA COM SÔNIA LOUREIRO
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DEPOIMENTOS "UM GRITO PARADO NO AR" 1973
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